Thursday, March 30, 2006

Essas convenções, esses descontos...

Viver é conceder, conceder até demais, às vezes. Concedemos descontos para tudo, descontos para todos, parecemos um grande magazine em época de liquidação, em época de mudança de estação. Estou usando um plural, evitando personalizar o assunto, mas ele diz respeito diretamente a mim - e a todos os que agem dessa forma. Sou de uma família que preza os valores familiares, em nome desses valores vou abrindo mão de outros - acho que tão importantes ou mais do que os familiares. Abro mão da minha alegria, abro mão da minha felicidade; abro mão da minha realização como pessoa, da minha maneira de pensar. Viro quase um nada despersonalizado em nome da felicidade dos outros, em nome dos outros.

Não vivo esse conflito vinte e quatro horas por dia, sou uma pessoa inteligente, posso fugir para dentro da minha imaginação a qualquer hora que eu quiser, tenho caminhos, esconderijos, espaços, cantos e caminhos que sou eu conheço. Vivo neste meu mundo isolado do outro mundo. Para quem está acostumado com a internet, fica mais fácil de entender isso que eu digo, que vivo num mundo semelhante a esse virtual, um mundo que criei só para mim.

E vou vivendo desse modo, por quanto tempo mais? Sinceramente não sei dizer. Só sei dizer que esse meu viver não alcançará a eternidade.

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