Saturday, February 18, 2006

Para tudo é preciso ter jeito

Se sugere que para viver bem nesse país você deve fazer a sua vida independente do estado, sem se preocupar com ele, com as suas mazelas. Seria como viver no "seu próprio estado dentro do estado". Quem sugere isso não entra nas minúcias da sugestão, até porque não quer falar no politicamente incorreto, foge do tema. Para viver nesse estado dentro do estado é preciso deixar de cumprir várias obrigações que se espera de um cidadão.

Eu já ouvi conselhos do tipo "você se preocupa muito com o estado, viva a sua vida, faça por você mesmo e esqueça do estado". Vou contar um segredinho e dizer qual é a diferença das posturas: se eu vivo como cidadão que cumpre suas obrigações, pago todos os meus impostos (grifo meu e importante!), eu tenho direito de exigir a contrapartida em serviços do estado que eu ajudo a financiar. Agora, se eu vivo no "meu estado", onde não cumpro com minhas obrigações, não devo me importar em ficar cobrando os direitos".

Qual das posturas você acha a mais correta? Depois, tem uma outra coisa, cada um, cada um, mas eu fui criado dentro de um outro sistema, não sei ficar com o que não é meu, não tenho a "cara de pau necessária", sabe como é? Mesmo que eu queira, eu não consigo, é uma questão de falta de jeito para a coisa, para ser ladrão é preciso ter uma aptidão que eu não tenho.

Estou falando do que não existe? Num programa Manhatan Connection, em cadeia nacional, o jornalista Diogo Mainardi afirmou em alto e bom som que "sonegar imposto no Brasil é um dever cívico". Exatamente, não é uma necessidade, ou uma fuga, ou seja lá o que for, já é um dever de cidadania, todos devem. Desculpem-me, até porque fica a impressão de que quero me exaltar e não é esse o propósito, já tenho dito que eu até gostaria (ou deveria, pois vivo muito mal e pago muito imposto para quem ganha pouco, pago mais de 20.000 anuais de imposto de renda e ando num Uno 1993), mas infelizmente não consigo.

Como eu disse, é questão de formação, não levo jeito para a coisa. O que eu acho pior é que no cálculo do imposto já deve estar incluído um percentual - que não deve ser pouco! - para cobrir o que cada um sonega, ou o que o próprio declarante sonega. Algo do tipo: "como ele vai declarar a menos mesmo, então nós colocamos a mais aqui para compensar..." Se houver essa compensação estou ferrado, pago tudo, cada tostão devido. Fazer o o quê? Cada um, cada um...

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