Friday, November 17, 2006

Paciência

A paciência, o bom-senso, a calma, a moderação e a sobriedade são qualidades notáveis no mundo de hoje. Principalmente quando se sabe que o nosso é um mundo expresso. Um mundo do zás-trás, da era do jato, da era do "bobeou, já era!" Naturalmente, quando me refiro "ao nosso mundo", estou falando desse nosso lado do mundo, o lado ocidental, porque sabemos que no mundo oriental essas virtudes são cultuadas com mais vigor, e não se constituem em exceção. Não estou sugerindo que todos se tornem contemplativos, uma conversão em monges budistas - embora, talvez, fosse o ideal, mas numa espécie doméstica do lado de cá, um buda ocidentalizado.

E isso tem um objetivo. O aprendizado com os incômodos menores nos prepara para os maiores. Esperar na fila é ruim. Esperar em geral quase sempre é ruim. Mas ninguém pode se livrar de todas as situações que exigem o exercício da tolerância, da paciência. Saber esperar, saber dar tempo ao tempo é uma virtude. Nesse mundo não há cura para tudo, algumas coisas não são curáveis, são apenas remediáveis, absorvíveis, suportáveis. Somos obrigados a conviver com essas perdas, do amigo que se vai, pra longe ou nunca mais, de um amor que acabou.

Não se enganem, dói para todos. Dói para o tolerante, e dói para quem se exaspera. Manter essa atitude de tolerância é um exercício, um aprendizado, uma educação que se obtém pela prática. Nos dois casos a cura só vem com o tempo, mas no caso do tolerante até que a cura venha os danos são menores.

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