Sunday, December 24, 2006

Efemeridades

O que era agora há pouco, agora já não é mais. Quem estava ao alcance de um braço, já não pode ser tocado mais. A vida é assim, efêmera, numa dimensão de tempo em que relativizamos o pouco ou o muito em função de anos vividos. Medimos a vida em quantidade, valorizando pouco, o que muito importa: a qualidade do nosso viver.

Passam horas, dias e anos, que vamos acumulando em nossas vidas como poeira que se assenta sobre o chão. Olhamos para os velhos com estranheza, querendo e não querendo ser um deles. Questão de viver muito ou viver pouco, quando importa viver bem. Vida não se mede em anos, e pode ser condensada em pequenos espaços de tempo.

Quantas vezes olhamos com espanto a biografia de alguém famoso, ao descobrir que faleceu muito jovem. E pensamos o notável de tanto atos, tantas realizações em tão poucos anos! Isso ocorre pelo nosso engano no uso da unidade de medida. Determinamos as vidas em anos, quando as vidas são medidas em realizações.

Não vamos julgar ninguém, mas há vidas que cabem em poucos dias, biografias que não preenchem duas páginas. É preciso ter histórias pra contar, e só as tem que vive com intensidade cada momento de sua vida. Por isso não adie o abraço, o beijo, a declaração de amor; não adie aquele passeio sonhado, a viagem, o reencontro. Não fique buscando motivos para um não.

Seja sempre, seja, sempre seja um sim, mais do que tudo seja hoje e seja agora em todas as suas horas.

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