Saturday, January 07, 2006

Os bons malandros

Podem até pensar num radicalismo meu, sempre achei que no fundo a patuléia aplaude os canalhas, nutre uma certa afeição pelos malandros. Lembro de Nelson Rodrigues, que adorava enfocar este lado sombrio da personalidade humana, quando dizia algo parecido com "nunca vi ninguém se declarar um canalha", a mais pura verdade.

Diria mais, que existe um certo "applause" pela atitude do canalha, dos homens de quem se ouve coisas do tipo "taí o cara que sabe viver, o verdadeiro malandro", das mulheres, que veem na figura a idealização do bom malandro, de um "Vadinho", da criação de Jorge Amado em Dona Flor e Seus Dois Maridos.

O pior disso é que essa imagem não nos faz bem, não nos fortalece como povo, esse aplauso ao espertalhão não constrói. Querem ver um exemplo atual? Se certo é que ajudou a desbaratar esse esquema de corrupção que assolou o governo federal nos últimos tempos, Roberto Jefferson também não se destacou, vamos dizer, pelo melhor dos comportamentos.

Apesar disso virou uma espécie de herói nacional, do bom malandro; cantor liríco!, cantou e encantou muita gente boa nesse país. O homem das respostas prontas e espirituosas, o homem que tirou a roupa do rei. Não duvido - e que ninguém duvide! -, não tivesse sido cassado, estaria reeleito no próximo pleito, e por larga margem!

Por essas e por outras que é difícil o nosso crescimento como povo, como nação, continuar acreditando? Sempre, não é mesmo? Qual a outra alternativa?

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