Tuesday, October 24, 2006

Das perdas

Ninguém entende perdas na sua potencialidade, só na sua concretude. Perda só é perda quando o vazio ocupa o espaço que antes era ocupado por alguém amado. O saber que se pode vir a perder algum dia não é aviso suficiente para valorizar a presença no hoje e agora. Todos parecem viver e conviver com os outros com um sentimento de eternitude.

E no entando somos finitos; frágeis criaturas, sujeitas as intempéries, aos acidentes, e quando não ao imprevisto, ao previsto, ao tempo que se encarrega de tornar verdadeira a sina de que somos pó e a ele voltaremos.

Não quero ser fatalista, mas é triste valorizar só na falta, abraçar o ar, quando hoje há alguém que anseia pelo nosso abraço, beijar em pensamento, quando hoje existem lábios a esperar pelo beijo dos nossos lábios, dizer um eu te amo para o além, quando hoje ouvidos estão atentos a nossa confissão de amor.

Para que se tenha o ganho é preciso viver a realidade, é preciso viver na iminência de perder...

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